A personalidade está vergada pelo peso da dor; a alma ergue-se dos cumes do seu corpo.
A personalidade rasteja pelos recantos da sua fraqueza; a alma erecta entoa as palavras de poder.
A personalidade está cega pelo fumo da aparência; a alma alimenta o fogo do sacrifício.
A personalidade está perdida num mar de paradoxos; a alma afirma a certeza do Eterno.
A personalidade repercute perguntas e dúvidas; a alma entoa o silêncio que unifica.
A personalidade vagueia pelos labirintos do mundo; a alma sabe que o caminho é só um.
A personalidade vacila perante o preço do infinito; a alma sabe que é chegado o momento.
A personalidade protege as redes longamente tecidas; a alma destrói os refúgios e ressoa a verdade.
A personalidade sente o terror da morte pressentida; a alma sabe que que está reconquistando a vida.
A personalidade implora ajuda para não morrer; a alma acode em seu socorro – matando-a!
(Excerto do livro Cintilações, do Centro Lusitano de Unificação Cultural)