Editorial
Hierarquia
A noção de hierarquia é a mais inabalável garantia do equilíbrio de todas as partes que integram um todo orgânico, o reconhecimento vivo de uma ordem inteligente e dirigida para o bem de todos.
Ela está fundada no respeito e na confiança pelo que está mais “acima” – na responsabilidade e no saber –, e no amor compassivo pelo que está mais “abaixo” – mais sujeito à contingência, à necessidade e à fraqueza.
Anulada ou pervertida a referência da hierarquia, temos presente a desagregação, a prepotência, o abuso, a tirania; sem lugar a dúvidas, multiplicam-se o sofrimento e o conflito desnecessários.
Tal é, justamente, o problema do nosso mundo. Perdeu-se a noção de hierarquia – algo de muito distinto de autoritarismo ou servilismo – ou instalou-se um simulacro artificial, invertido e contranatura.
Prevalece o descaramento, em vez do conhecimento; a ligeireza, em lugar da sabedoria; a arrogância, substituindo a dignidade; a vileza, sobreposta à nobreza de propósitos. A verdadeira e legítima hierarquia está fundada na autoridade natural (sem as vulgares cedências à ostentação), na verdadeira sageza, no domínio e na abarcância da ciência da vida, com as suas múltiplas expressões. Quão poucos querem saber disso!
Estas são palavras pouco populares num tempo em que quase toda a gente julga saber tudo de quase tudo (ou até um pouco mais…) e parece realmente incapaz de reconhecer e, inerentemente, respeitar o conhecimento dos que sabem mais e melhor.
No entanto, o mundo não ressurgirá do caos enquanto não reaprendermos a importância da hierarquia estabelecida nos valores reais – que não se fingem, que não se compram, que não se imitam; não ressurgirá do caos enquanto o que é parcial e efémero não declinar em face do que é perene e universal.
José Manuel Anacleto
Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural
Informação adicional
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