Editorial
O DARWINISMO SOCIAL
A evolução é um facto e não foi descoberta no século XIX: era conhecida e foi ensinada na Antiguidade. Afirmar a evolução não é sinónimo de darwinismo ou dos muitos neo-darwinismos que estão sempre a surgir para simular que os factos não o desmentiram.
Há um equívoco generalizado, que é o de fazer crer que “descobertas” que mostram haver evolução comprovam a evolução como Darwin a apresentou – o que é uma coisa bem diferente.
Não queremos investir contra Darwin. Terá tido alguns méritos. Não obstante, sustentamos que as suas formulações são incompletas, desde logo por só considerar a natureza externa; por pretender que a evolução se processa cegamente, não considerando 1) o modelo ideal prévio que a contém arquetípica e aprioristicamente, e lhe serve de guião nas contingências de um longo devir de efectivação desse modelo; 2) os poderes inteligentes e semi-inteligentes que operam no âmago da matéria.
A sobrevivência dos mais aptos não é errada (sendo aliás verdadeira do ponto de vista da forma) mas tende a inculcar uma noção utilitarista, onde a compaixão não tem lugar, e onde os fins justificam os meios. E é esse princípio que está ferozmente instalado na sociedade e nos modelos económicos ora vigentes.
Urge rever o conceito de aptidão. Os mais aptos em termos realmente importantes são os mais justos, os mais compassivos, os mais criativos, os mais libertos de dependências e ilusões materiais e psicológicas – não os da acumulação de lucros, da loucura produtiva, do empreendedorismo profissional-empresarial alienante e míope. São os que trabalham para o bem geral, com amplitude de visão – não os que têm palas numa especialização casual.
José Manuel Anacleto
Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural
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