Editorial
Em Nome de Quê?
Biosofia – ou uma Ciência integral da Vida, em todas as suas manifestações – é o nome e o propósito desta Revista. O projecto tem alcançado o impacto possível numa cultura de superficialidades e unilateralismos, como a que prepondera no mundo. Abre diferentes horizontes, apresenta novos paradigmas, trata das questões fundamentais para o futuro da Humanidade. Junta vontades importantes, congrega talentos anteriormente dispersos. Aqui e ali, alguns propósitos mais ou menos idênticos parecem existir. Mas são poucos, pelo menos para os nossos anseios. Uma Ciência Integral da Vida?! Olhemos à nossa volta: a Ciência oficial, confinando a sua investigação ao mundo físico, não é integral, longe disso. Escapam-lhe os mundos subtis das correntes de vida; dos modelos de onde se decalcam as formas psíquicas; do psiquismo; da Intuição e do Espírito. A Ciência, assentando na objectivação da Verdade (a Verdade Libertadora, de que falou Cristo), é um esforço nobre e promissor mas, por agora, são ainda poucos os que saem do preconceito de que o Conhecimento está limitado a uma época e a uma civilização, e se abre a longas e profundas tradições universais. Ouvimos, é certo, falar de Holismo. Teoricamente, implicaria essa noção de integralidade da Vida. Na prática, porém, no campo do espiritualismo, esboroa-se o verdadeiro conceito de Holismo (transformado em folclore), falta integralidade (confunde-se o psiquismo inferior com a Alma Espiritual), carece-se de cientificidade (substitui-se a investigação e a fundamentação por um-vale-tudo de histerismos, encorajados como “sentir muito, seja o que for, é bom”, e de compensação de recalques emocionais, objectos de todas as manipulações). Estarrecemos com as incríveis afirmações que se produzem a coberto de um suposto Esoterismo, que assim se deixa cair na lama do ridículo e da pura superstição. Sofremos quando a mais despudorada ignorância e as mais aviltantes imposturas são apresentadas como “espirituais”. Indignamo-nos com os que vivem dos mil e um expedientes, bem sucedidos na medida exacta de falta de sentido das proporções, e apregoam “Ciências Ocultas”, atraindo os que gostam de ser enganados mas, também, os que ignoram que tais coisas não são científicas nem ocultistas. Entretanto, a Instituição que edita a “Biosofia” acabou de reunir cerca de dois milhares de pessoas num Evento maravilhoso e sublime, feito por um grupo de pessoas de extraordinária dedicação para muitas pessoas de boa vontade. É uma esperança – mas que só valerá a pena se muitos e muitos dos que se imbuíram dessa esplendorosa beleza e dessa profunda vivência souberem ser firmes, lúcidos e discernidos. Distinguir o trigo do joio não é crime nem pecado; é um dever incontornável. O Senhor Cristo expulsou os vendilhões do Templo... A Espiritualidade é Vida e Alegria, Amor e Compaixão, mas é também Rigor e Conhecimento. Por favor, não nos esqueçamos disso. Não deixemos vulgarizar os mais belos ideais, não alimentemos falsificações “miríficas” do Sagrado, não deixemos obscurecer a luz da Ciência Esotérica. Para que não tenhamos – os que lutam por uma Causa Sagrada – que perguntar, um dia: “em nome de quê”? José Manuel Anacleto Presidente do Centro Lusitano de Unificação Cultural
Informação adicional
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